quarta-feira, 18 de maio de 2011

irônico

a menina anda a passos largos, desafiando o vento frio que vem em sua direção.. agasalhada, cheia de malas, procura o endereço que precisa em seus bolsos. descarta a identidade, a nota fiscal do supermercado, o bilhete que continha um "eu te amo" seu e que você havia colocado no bolso dela na manhã de ontem e, enfim, encontra o endereço. já está na rua certa, só falta chegar ao número 278.
"ai, que frio!", a menina pensa... e lágrimas começam a molhar sua bela pele - não pelo frio, mas por tudo, por esses últimos dias difíceis que não deixam a doce menina em paz... 260, 264, 270, 272 e 'lar, doce lar' (ou o mais perto de um lar que essa menina pode ter agora..)
ela bate em minha porta e seu rosto já diz tudo... pedindo proteção, clamando por um ombro amigo, a doce menina só quer um abraço carinhoso, uma palavra suave, um colo quentinho...
a recebo, a conduzo até o seu quarto, entrego a ela uma coberta para que se esquente, acendo a lareira e a trago um chocolate quente. ela se apóia em mim, bebe o seu chocolate quente, entre choros, soluços e olhares de gratidão...
faço-a deitar em meu colo e a tranqüilizo.. ela me pede para que eu conte a ela uma história, do jeito que a mãe dela faria se aqui estivesse... penso em contrariar, mas antes de abrir a boca decido tentar e saio falando as primeiras coisas que me vêm à cabeça... pra falar a verdade, nem sei se a minha história fez algum sentido, nem me lembro sobre o que foi direito, só sei que a fez dormir, a tirou desse mundo real, ainda que só por algum tempo.. então, levanto sua cabeça com cuidado, me retiro, a ajeito na cama, a cubro melhor e vou me deitar..
no dia seguinte, ela me acorda com um chocolate quente e senta no canto de minha cama. fala, fala, chora, chora e, por fim, me agradece. agradeceu por eu tê-la ouvido, por tê-la recebido, por tê-la distraído e não esqueceu de agradecer pelo chocolate quente e nem pela história!
nesse ponto, eu que comecei a chorar, caí em lágrimas mesmo, igual a uma criança.. expliquei a ela que há muito tempo não tinha uma noite tão boa quanto àquela, que há muito tempo esperava ansiosamente pelo dia em que ela iria me procurar, iria se abrir comigo, iria precisar de mim de alguma forma, ainda que só para desabafar, ainda que só para aliviar seus problemas.. 
"sempre bom tê-la comigo", terminei dizendo.. e, em meio a muitas outras lágrimas, ela fez que sim com a cabeça e me abraçou forte, dessa vez para nunca mais soltar-me de vez... 

terça-feira, 17 de maio de 2011

saudade futura desenfreada

a cada movimento seu
fico pensando nas saudades
que em breve
sentirei

fico pensando nas noites de sono
que em breve
as suas lembranças
me roubarão

entre
beijos e abraços
entre
sorrisos e declarações
sinto meu peito apertar..
minha voz, falhar
meu ar, se perder

não consigo mais frear, amor...
acho que meu freio tá com defeito
a ré, então,
nem se fala!
impossível retroceder,
voltar para a estaca anterior,
ignorando
nossos últimos encontros,
nossas últimas confissões...

e eu vou
me envolvendo
mais e mais
e sofrendo
por antecipação
por esse tempo
sem você..

do contra

claro, né
mais previsível, impossível

agora que não te quero mais,
você quer
você liga
você diz que não vai abrir mão..

só lamento,
mas seus velhos truques não
vão mais vingar...

seu sorrisinho não me convence mais...
suas palavras,
ainda que ditas ao pé de meu ouvido,
não me enganam mais...
seus puxões de cabelo não me arrepiam mais..

já deu de você..
falta tesão,
falta saudade,
falta verdade...

e falta
bom senso da sua parte
para me deixar ir!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

boa noite

nossas roupas largadas pelo chão
preguiça de levantar
uma leve ressaca gostosa do
vinho de ontem nos sobe
em pequena dor de cabeça
mesmo assim
tem prazer rondando
em tudo
encaixada entre ombro e peito nus
(pele macia)
mexo lentamente
sem abrir os olhos me sente
gira
frente a frente
lábios com lábios
bom dia

ferida

todos sabem que
para ela
é tão difícil demostrar suas fraquezas,
seus defeitos,
suas tristezas

em meio a risos,
danças,
drinks
e amantes,
suas dores perdem o lugar

não sei se ela sempre foi assim,
mas se não foi sempre assim
há anos já o é...
já não lembra de como era a vida
quando não tinha esse bloqueio

então lhe chega você,
assim,
de repente,
querendo realmente saber
tudo o que dói nela!

ela, menina,
acostumada com a falta de cuidado,
com a indiferença das pessoas,
se surpreende,
mas gosta..

vai se mostrando aos poucos,
se contando,
respirando
e vendo como é bom
e diferente
se abrir com quem se importa,
com quem quer nos ler
de verdade

mas,
no meio do caminho,
algo pareceu sair do controle

a ferida da menina,
de tão grande que ela,
depois de relatada
e revivida,
explodiu para fora
e agora todo mundo a via

a máscara,
já tão familiar a ela,
não lhe servia mais,
ela ficou nua,
à mostra

a questão
é que ninguém dessas pessoas
era como você..
ela nao quis
nem consentiu
com que a vissem assim,
mas sua ferida não era mais
estancável,
ela não conseguia escondê-la

foi quase um estupro..
as pessoas a vendo nua
e fazendo o que queriam
com essa visão que guardaram

julgando,
olhando de relance
em meio a comentários maldosos,
em meio a tanta falta de você...
falta do seu jeito,
da sua calma,
do seu interesse,
da sua compreensão!

só a você que ela se despiu,
só você que merecia ouví-la,
sabê-la,
senti-la..

segunda-feira, 9 de maio de 2011

ombro

"amiga",
engraçado como as coisas são, não?

embora tenhamos tantas lembranças,
embora nos conheçamos há tantos anos,
embora haja tanto carinho seu em meu peito,
parece que foi em outra vida que fomos amigas
e, por ter sido a amizade tão grande,
deixou resquícios para essa!

e hoje,
é só isso que nós somos:
resquicíos!

não quero ser cruel,
não tenha dúvidas de que te amo!
mas é que tanta coisa se perdeu entre nós...
há tanto de você que eu desconheço,
há mais ainda de mim que você nem sequer
acha que existe...

já faz um tempo
que me tornei seu ombro oficial

para mim, só lágrimas
para mim, só mágoas
comigo você só divide tristezas!

e acho que até
já me acostumei

mas o inevitável aconteceu,
deixei de me mostrar pra ouvir,
parei de falar de mim..

será que você sabe alguma coisa
que aconteceu comigo
nos últimos 5 anos?
acho difícil,
só paramos para falar de suas dores...

não sei nem se queria que fosse diferente,
sabe?
isso não aconteceu só com você,
me tornei o ombro oficial de muita gente,
e vou ajudando,
vou me dando,
vou consolando,
aceitando o pouco de vocês
que têm pra me oferecer..

isso me tornou uma outra pessoa,
o papel acaba sendo o único que sabe sobre os meus reais anseios,
sobre minhas maiores preocupações...
ele e eu,
sozinhos no mundo,
ainda que cercados por multidões!

esse meu lado introspectivo
que aprende sobre eu mesma
à medida que as palavras vão sendo escritas..
palavras
que vêm sei lá de onde,
que saem sei lá porque!
esse meu eu
combina muito com a atual você,
preocupada só com o seu próprio umbigo,
achando que só você sofre,
que só você tem problemas..

eu os ouço,
a abraço,
a consolo
e semana que vem,
quando você quiser sair para se divertir
certamente nem vai pensar em me chamar
e mês que vem,
quando eu conhecer o meu novo irmão
você nem saberá de nada,
nem sonhará com o redemoinho da minha vida

não se ofenda com essas palavras,
relaxa,
meu ombro continuará à sua disposição
quando você precisar
mas não força a barra, tá?
não cabe mais nos chamar de melhores amigas
nem me cobrar satisfações
do que eu faço
ou deixo de fazer
desde quando você quer saber?
fingir que se importa faz você sentir melhor?
me faz ser mais do que um ombro?

também tenho um rosto, "amiga",
também tenho um coração!

domingo, 8 de maio de 2011

Nosso estranho amor

Tu dormistes
Depois de uma bela noite de amor

Beijaste-me a testa respeitosamente e, em seguida, os lábios, carinhosamente.
Beijaste-me e dormistes.

Como consegues? Meus pensamentos estão a mil!

Distraio-me a olhar-te
Ou, mais do que isso,
A contemplar-te.


                       ... Sei que um dia serás completamente meu ...

Todos os poréns,
Nossos aparentes seguidores,
Serão deixados de lado,
Abandonados,
Esquecidos,
Superados.


Como posso saber? É isso que queres que eu te diga?

                       [Pois bem...]

Sei disso graças aquele momento, o qual tentamos ignorar com teimosia, fingindo que ele nunca aconteceu...
                             
                       [Você sabe...]

Aquele de depois dos primeiros beijos e abraços apaixonados em nossos reencontros, quando nos encaramos sem querer...

                       [Droga, por que ainda estamos com esses olhos fixos um no outro?!?!]

                       ... E este encontro de olhares diz muito mais do que as três palavras que não encontram forças para saírem de nossas bocas.

O frio na barriga aparece e estremeço...

Queremos parar de nos fitar, mas é inevitável,
Faz parte do script e não se pode fugir desse roteiro...

Pensamos em milhões de coisas que poderíamos dizer e não selecionamos nenhuma.
Todas elas são ditas através da luz de nossos olhos,
Mesmo que nós nem ameacemos abrir nossas bocas.

Ao nos depararmos com a verdade de que o que temos passa sim de uma mera brincadeira e que somos sim mais do que uma diversão inofensiva,...

                       - ao contrário do que afirmamos um ao outro e a nós mesmos –

... Viramos-nos de bruços simultaneamente e passamos agora a fitar o teto.

                          
                                  
                        Então,
                        Sei disso porque ele me olha também,
                        Como você faz,
                        Mas não me vê.
                        E,
                        Ao contrário do seu olhar,
                        O dele nada tem a me dizer...

sábado, 7 de maio de 2011

a saudade em forma de pés frios

só eu sei
tudo o que passo
nestas noites de frio
sem você

só eu sei sobre a dor que
me invade
por ter o pé gelado
sem o seu a ele entrelaçado

só eu sei a falta que sinto, meu bem!

ter te visto ontem
não muda nada disso,
a saudade começa a bater
no peito
segundos após a sua partida..

será que você
pensa em mim?
será que seus pés
sentem falta dos meus?

será que resta
muito de mim em você, amor?
será que eu posso
te chamar assim?

só peço que lembre de mim
quando a nossa música tocar,
quando passar pelos locais que costumávamos frequentar,
e quando o seu pé esfriar...

as meias não substituem
o entrelaçado dos nossos pés, amor...
deve ser porque com eles
também entrelaçamos nossas almas!

e a meia não, amor..
a meia só esquenta!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

8 ou 80

eu sei que você me ligou ontem
e fingi que não ouvi o telefone tocar
ligou seis vezes
exaustivamente
eu sei,
perdão..

mas hoje até que uma dose de você cairia bem
quem sabe depois da minha aula de francês
e antes do jantar?

de repente eu até faço um jantar romântico pra gente,
levo tudo na cama,
compro um vinhozinho tinto, que tal?
assim como manda o roteiro!

maaaaas,
se não der pra gente se encontrar hoje,
talvez amanhã eu não esteja com vontade de você..

desculpa ser assim,
os homens com quem me relacionei que me acostumaram desse jeito
sendo 8 ou 80

num dia quero um amor avassalador,
noutro não quero nem que você me ligue...
tô sem saco, sem paciência

você me entende?
é o que eu imaginava...
nem eu!