segunda-feira, 15 de outubro de 2012

formigamento

ei, chérie
você aí
espremida
abraçada nos lençois
desprendidos da cama
toda encolhida
com as lágrimas caminhando len-ta-men-te
pelos olhos, nariz, bochechas, boca

cheira o pano
puxa forte o aroma
dos nossos corpos misturados
de ontem à noite
puxa como o drogado puxa a droga
querendo eternalizar aquele entrelaçado
repassando cada cena
do nosso balé-ufc da noite passada
sua cocaína

e já nem sabe se sente medo ou não
se gosta ou se já adora
já nem tem a opção de optar entre
se entregar ou não
sua posição aí nessa cama já te denuncia
de lado, abraçada aos joelhos, embaralhada entre os lençoís
você acha que eu não sei?
nem precisava das lágrimas pra te sacar, chérie

enquanto isso,
to indo deitar por aqui
sem muito drama
(essa parte deixamos pra você)
mas confesso
que to com o corpo ainda formigando de você
dos pés à cabeça
opa, e as idéias também

durma bem, chérie
e até breve