terça-feira, 29 de janeiro de 2013

nuca

acordei por agora
a um oceano de distância
mas repleta de você
em cada pedacinho meu
e minha nuca ainda guarda alguns resquícios
avermelhados
de seus beijos e do atrito com a sua barba mal feita
- é, eu fico vermelha à toa
quem mandou ser branquinha assim?

nossa bossa



essa bossa nova ao fundo
só me lembra você me olhando
enquanto eu analisava a sua coleção de cds
e separava um ou outro
já animada pra copiar
ali na sala

você, com aquela sua camisa vermelha
e listrada
sorrindo pra mim, pleno
acho que nunca te vi tão bonito

ah! e essa camisa foi a mesma que
eu usei daquela última vez
pra abrir a porta pra você
que vinha da padaria
- tinha ido comprar pão fresco pra gente -

e
além do pão
me trouxe um serenata de amor
de sobremesa
do qual eu nem quis saber
já que me deliciar com você
sempre foi muito melhor
sobre a mesa ou não

então deixamos os pães pela metade ainda
você se lembra?
e ali na cozinha mesmo a gente se amou

lembro que eu tava passando requeijão no pão
e você sorriu pra mim e se levantou
pra pegar o suco de laranja
mas no caminho se achegou e beijou minha nuca

e nada mais de pão, de requeijão ou de suco
nada mais de camisa vermelha listrada

só eu e você
e o chão frio da cozinha
que em poucos segundos
já fervia com a gente