segunda-feira, 6 de novembro de 2017

esculturas esfareláveis


nossas imagens me visitam
entre a vigília e o sono
- o estado regressivo de todas as noites -

em forma de fotos, vídeos, cheiros, sons e texturas
vivência completa

sou transmutada ao que éramos
aos nossos olhares, conversas, abraços;
à sua pele, ao seu toque, ao afeto..

não é fácil
o sabor é de um doce amargo

fico dividida entre tentar reter o que os meus poros mantém de nós
e desfazer os nós
pra que voemos ambos, desatados
enquanto as memórias caem, fragéis
esfarelando-se

daí, então,
as esculturas fotografadas
estacionadas no tempo
perderão até o sentido
quem de nós vai entender?

os farelos são péssimos contadores de história;
afinal, só os corpos e os sentidos sabem contar.

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