terça-feira, 19 de novembro de 2013

caidinhos

cê me disse que vê muita vida
nestes meus olhos amarelos
e disse assim mesmo
"amarelos"
e,
em seguida,
discutimos por longos minutos
sobre o tom da cor dos tais

cê disse que relutou muito
em se perder neles
mas que desistiu, já fraco
- era inútil, concluiu

por último, ainda disse
que a forma deles, caidinhos
só dá a eles mais humanidade,
mais subjetividade,
mais força,
uma vez que cê vê a força como
coragem de mostrar as fraquezas
já que essas,
por
sua
vez,
habitam todos nós,
por mais que mintamos
escondamos
e disfarcemos

- é humano, bonita,
ser sensível e passível de ser
mudada, tocada e d'amar

é preciso ser muito macho pra tal,
masculinamente feminina


Um comentário:

  1. Re-reading this I think I now understand the ending. :-) It is so good to see you writing again - or should I say publishing, I am sure you were always writing, but had no time to publish. Three wonderful poems/contos in two days has made me very happy!!!
    This is sweet, maybe that is the best word of it, sweet... It is simpler that Meia Duzia, but it is very, very good nonetheless. I liked the yellow eyes! And the idea of being lost (or better, being afraid of getting lost in them).
    Keep writing my friend! Always
    PS this was the first comment I wrote from an airport :-)

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