Agora há pouco, eu estava no metrô voltando do trabalho com a cabeça vagando a 10 km/h, devagarzinho quase parando. Estava passeando sem rumo por vários pensamentos sem sentidos, mas sem pressa, sem preocupação, apenas mexendo em algumas lembranças bobas a caminho de casa, pra me distrair. Eis que você, pra variar, arruina minha tranquilidade. Impressionante, até quando você nem tenta você consegue (ou pode ser que você tenha uma mente muito poderosa, mas acho que não).
Eu tava saindo do metrô, indo em direção às escadas e, de repente, me passa um cara com uma blusa quadriculada branca e azul parecidíssima com uma que você tem e ainda por cima usando o seu perfume. Ééé.., aquele mesmo perfume, de tantos anos atrás. Você se lembra daquela vez que ele acabou e eu fiquei mais chateada do que você? Tratei logo de encomendar um pra você quando a primeira amiga foi viajar.
Pois bem, me passa esse cara com o seu perfume, jogando o seu aroma por aí assim, como se tivesse esse direito! Minha vontade era ir atrás dele e sair cheirando-o por aí, mundo a fora, me embriagando do seu cheiro tão familiar, excitante e saudoso - imagina o que iam pensar de mim!
Sabe... acho que depois de tanta coisa, de tanto vai e vem (em todos os sentidos), de tanto remexermos nessa nossa história, você nem leva mais o que eu te digo a sério, né? Nem importa, tudo bem, o que a gente foi tem que ficar só na lembrança mesmo, já decidimos que assim é melhor... mesmo assim, tem dias que só quero sair correndo pra sua casa, me jogar nos seus braços, encaixar meu rosto no seu peito (nosso encaixe sempre foi tão bom, isso não tem como negar) e pedir pra você me proteger pra sempre nesse ninho - mesmo a gente sabendo que eu virei outra desde que descobri que tenho asas e aprendi como usá-las; e logo, logo decido voar mundo a fora, afinal não é pra isso que as temos?
Mas te amo, de coração. O seu lugar até hoje tem sido só seu e de mais ninguém.
Sabe de outra coisa? Eu sempre dizia por aí, mesmo depois de muito tempo terminados, que eu iria enlouquecer quando você namorasse outra pessoa. Meus amigos não entendiam: "então por que você não volta com ele de uma vez?". É, gente, também carrego em mim um bando de sentimentos ruins. O nome desse é possessão. Você foi meu, eu fui sua, muito, tanto, de verdade. Não queria que ninguém tascasse. Ficar tudo bem, transar sem problemas, fico até feliz por você, mas dizer "eu te amo" pra outra? Na-na-ni-na-não.
Parei pra pensar hoje e percebi que (finalmente) me libertei (ao menos) desse sentimento ruim. Quero que você seja feliz. Juro, é clichê, mas é verdade. Ás vezes os clichês são a melhor forma de falarmos o que sentimos. Dessa vez, falo pra valer. Antes, é verdade, existia a limitação de eu não querer que você encontrasse alguém legal. Podia até sair com uma ou outra legais, bonitas, mas não melhores que eu. Mas agora pode, vai fundo, você também merece. É claro que eu vou ficar mordidinha, mas não vou morrer nem nada. A gente tem mesmo é que se guardar pra sempre na nossa memória, num cantinho especial, e, depois disso, seguir em frente. Faço isso há anos com você - ainda que eu vá e volte depois, sempre vou - e hoje te alforrio por completo: vai ser feliz, meu bem.
Ah! Mas com uma condição: que ninguém use mais o seu perfume por aí, claro.