meu corpo,
tantas marcas bagunçadas,
num entrelace
babélico:
cada rastro com uma língua sua,
particular;
mas todos esses se misturam a todo o tempo,
se embolam e disputam entre si
e quem sou eu no meio disso -
em meio a tanta incongruência?
fica até difícil acreditar que cabe nele tanto timbre, traço
e vestígio
num espaço tão
pequenino
(cicatrizes que se acumulam cada vez mais)
tanto abuso
alguns vinhedos
bastante intrusos
e jogo e fogo, o tempo todo;
tanta língua,
beijo, amor e sussurros
que ora me deixam à míngua, ora mais pura e em apuros;
alguns muitos livros, ventos e viagens
uns bons risos e vadiagens;
às vezes a marca vem de sutilezas que podem passar
despercebidas:
o ronronar do gato, o abraço amigo e aquelas palavras chulas
infelizes
(que nunca deveriam ter sido ditas)
são tantos olhares atravessados,
tanta (im)potência, carência
e dor;
me mancham também várias poças de choro
e uns sulcos de conquista, de sustentação
desse desalinho que vai se alinhando de algum jeito,
desse movimento tão doido e caótico que é viver
vivendo
entre saltos e quedas,
sempre;
sem parar até morrer.
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