quinta-feira, 27 de junho de 2019

faz um tempo que eu não brinco com as palavras
que não venho aqui dizer qualquer coisa,
por mais troncha e boba que seja

acho que por vezes a Academia faz isso com a gente
quero dizer, com alguns de nós...

atenção!
o mestrado pode fazer mal à saúde dos corpos:
dos dedos que escreviam e passam a sentir-se engessados
dos pés que saltavam e agora sentem-se fracos e doloridos
do sexo que fica seco diante dos prazos
dos amores que urgem por viver para além da manutenção dos protocolos




investigo meus fantasmas como um detetive que se sabota continuamente: tenho dicas e prelúdios, abro portas e janelas, imagino palavras e narrativas e sufoco tudo isso, entulho de fazeres e escutas carregadas que desoxigenam a mim e ao meu entorno.

onde começa uma história? há meses, tento colocar algo no papel. chamo de papel essa merda desse blog, lugar virtual e meio-totalmente ilusório onde eu falo para ninguém com uma esperança covarde de alguém me perceber em meio às nuvens. 

eu lembro de memórias que me soam afetivamente aleatórias, mas eu bem as sei que não. sei que elas são pequenos feixes, pequenas brechas, para que algo possa nascer. 

mas como deixar nascer algo de mim? como não ser uma kamikaze? como não assassinar tudo e a mim também? 

embora meia e volta eu busque saber sobre grávidas e sobre suas experiências pessoais, acho que não me suporto grávida - nem em pensamento.

nem sei se eu dou conta de viver a minha vida sem virar um transtorno para os vivos. será que eu posso ser amada sem ser necessária?